quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Alma


Procura estar preenchendo um vazio da alma

A alma estar sempre estabelecendo regras fundamentadas em coisas, que muitas ocasiões não têm nem um motivo. A alma humana centralizar o poder de cada individuo.
Precisamos alimentar nossa alma com desejos, o conhecer e o amor. Desejamos ao longo da nossa vida terrena muita coisa, elementos que muitas vezes passam da mesma forma que chegarão, temos vontade de possuir ou fazer algo que não controlamos como, um carro desgovernado, estabelecer critérios para seus desejos. O amor, um desejo de amar e ser amado, afeição viva por alguém ou por alguma coisa, amar e ser amado um equilíbrio que desejamos em todo existência da nossa raça, porque é tão difícil encontrar? Mesmo em qualquer idade, raça, mente religião, não estou falando somente para você que segui a Cristo, mais para aqueles que nem sabe o que é Cristo, estamos falando de uma ferramenta abstrata, ninguém pode ver, compreendo mais e mais que o amor é simplesmente o nosso próprio Deus, lembrado que não podemos ver pegar apenas sentir, isso vai além das forças humanas com certeza já ouviu “amor de mãe”, a mulher deseja muito o próprio filho, algo de muito valor no passado ponto, “ai se eu soubesse não teria filho”. A chave para que você possa obter o Conhecimento é a experiência, logo esse que nos leva ao desejo e o amor, porque colocar nesta ordem? O desejo e o amor não é uma ferramenta sobre jurisdição do conhecimento, por causa desses dois elementos realizamos coisas imagináveis , sempre nos pegamos lendo um texto de alto ajuda, sendo ele muitas vezes a própria Bíblia, é precisamos aprender a pagar um preço pelos nossos desejos e pelo nosso amor. Podemos separa sem medo que o desejo nada mais é do que a manifestação da alma, então o que o conhecimento? Pois, sabemos que o amor é Deus. Não seria a experiência com seu amor? Uma atitude sem conhecimento promove a fome da alma, não estar á procura de alimentos concretos?

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Turismo


ILHÉU DE COROA VERMELHA - Localizado na Baía Cabrália, local onde Cabral desembarcou com sua armada, tomou posse da nova terra e ordenou a celebração da PRIMEIRA MISSA NO BRASIL, dista 07 Km do centro da sede da cidade.

RIO MUTARÍ - Rio que deságua próximo ao Ilhéu de Coroa Vermelha, onde Cabral abasteceu sua esquadra com lenha e água potável. Próximo à sua foz, no dia 01 de maio de 1500, num altar, ao pé de uma cruz foi celebrada a SEGUNDA MISSA NO BRASIL.

CIDADE HISTÓRICA - Localizada na parte alta da sede da cidade, onde se encontra o acervo arquitetônico do século XVII, tombado em 29 de janeiro de 1981 como PATRIMÔNIO HISTÓRICO, CULTURAL E PAISAGÍSTICO.

RIO JOÃO DE TIBA - Rio que banha grande parte da cidade. No passado, rio Sernambetiba, tendo seu nome mudado para "João de Tiba" em homenagem ao primeiro habitante a residir próximo às suas margens. O português João de Tiba instalou-se ali em meados do século XVI e conseguiu manter um bom relacionamento com os indígenas.

ILHA PARAÍSO - Banhada pelo rio João de Tiba e pelo Oceano Atlântico, sua concessão permanece há aproximadamente 50 anos com a mesma família. A Ilha propicía à seus visitantes a beleza de seus manguezais, praias, coqueirais e momentos inesquecíveis de lazer. Além da pesca, banhos de rio, mar e caminhadas ecológicas, pode-se ainda saborear uma variedade de mais de 45 tipos de deliciosos doces caseiros preparados por "Dona Ivone" matriarca da família.

COROA ALTA - Recifes localizados no litoral norte de Santa Cruz Cabrália, próximo a Santo André. Na maré baixa formam-se ali várias piscinas naturais onde podem ser vistas variadas espécies de peixes e crustáceos. Ideal para banhos, pesca submarina, mergulho e passeios náuticos. O passeio é feito através de escunas que partem do porto de Santa Cruz Cabrália. A duração da viagem é em média de 50 minutos.

ARARIPE - Recifes localizados no litoral norte de Santa Cruz Cabrália, próximo a Santo Antônio. Local propício à prática de mergulho.
SANTA CRUZ CABRÁLIA possui ainda 35 quilômetros de praias belíssimas, algumas até semi - desertas, cercadas pelo verde dos remanescentes de Mata Atlântica e o esplendor do azul do.




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ORLA NORTE
Nesta região, da margem esquerda do rio João de Tiba até à foz do rio Jequitinhonha, está localizada a APA Santo Antônio - Área de Proteção Ambiental que apresenta condições especiais para o Ecoturismo, Turismo Rural, Agroturismo e Turismo para a Melhor Idade. Aprovada pelo Governo Estadual e CEPRAM é Gerenciada e Fiscalizada por órgãos como o IBAMA, CRA, CODETUR em parceria com a Administração do município, Secretaria de Cultura, Turismo e Meio Ambiente, Secretaria de Planejamento e Obras, Associações de Moradores e Associações Ambientalistas como a ASCAE e FLORABRASIL.

PRAIA DE SANTO ANDRÉ

Localizada na APA Santo Antonio, no povoado de Santo André, é considerada segundo pesquisas realizadas pela revista Veja, uma das 13 mais belas e exóticas praias do Brasil. A natureza que a cerca é exuberante! Por estar à foz do Rio João de Tiba, a praia tem o privilégio de ser de água doce na vazante da maré e salgada na enchente. Pela mansidão das águas é propícia aos passeios náuticos.

PRAIA DE SANTO ANTÔNIO - Localizada na APA Santo Antônio, nas proximidades do povoado de mesmo nome, sua orla é margeada por extensos coqueirais. A vegetação ainda é composta por manguezais e remanescentes de Mata Atlântica que, em contraste com o encontro das águas do rio Santo Antônio e o mar, formam um cenário deslumbrante.

PRAIA DO GUAIÚ - Praia semi-deserta e de mar calmo. Localizada na APA Santo Antônio, nas proximidades do povoado de Guaiú, apresenta a riqueza do verde e dos coqueirais, sua tranqüilidade e a beleza do cenário formado pela Foz do rio Guaiú são um convite à liberdade.

ACESSO À ORLA NORTE: Atravessando-se o rio João de Tiba em balsa e seguindo-se pela rodovia BA - 001, chega - se às praias de Santo André (03 Km), Santo Antônio (11 Km) e Guaiú (17 Km).




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ORLA SUL
PRAIA DE COROA VERMELHA - Sua beleza foi descrita na carta de Pero Vaz de Caminha em 1500. Além dos atrativos históricos como a cruz símbolo da Primeira Missa celebrada no Brasil e a capela com a réplica de Nossa Senhora da Boa Esperança trazida por Cabral na ocasião do Descobrimento, a praia tem águas tranqüilas e ao longo da orla pode-se saborear comidas típicas, frutos do mar e conhecer o bonito e exótico artesanato dos índios PATAXÓ.

PRAIA DOS LENÇÓIS - Famosa por ser usada pela Marinha do Brasil em operações militares, possuí águas profundas e mar agitado, ideal para esportes náuticos e todo tipo de pesca.

PRAIA DE ARAKAKAÍ - Próxima ao centro da sede da cidade, suas ondas são ideais para os praticantes do surf , windsurf e outras modalidades esportivas do gênero.

A Historia da Cidade de Santa Cruz Cabrália


A história da cidade de Santa Cruz Cabrália iniciou-se no ano de 1500 com o descobrimento do Brasil, quando o navegador português Pedro Álvares Cabral a procura de um porto seguro, ancorou suas naus num ilhéu de águas claras e calmas, hoje ILHÉU de COROA VERMELHA, dentro de uma baía larga e aconchegante, hoje BAÍA CABRÁLIA.
O capitão-mor, após ao desembarque e ao primeiro contato com os índios Aymoré, tomou posse da nova terra e ordenou que fosse erguida uma cruz com as armas e divisas de Portugal.
Os pontos geográficos denominados de ILHÉU de COROA VERMELHA e BAÍA CABRÁLIA, fazem parte do acervo natural do Município como MARCO DA GRANDE DESCOBERTA.
Neste ilhéu, no dia 26 de abril de 1500, foi celebrada pelo frei Henrique Soares, de Coimbra, a PRIMEIRA MISSA NO BRASIL.
* "... Ao domingo de Pascoela pela manhã, determina o capitão ir ouvir missa e sermão naquele ilhéu. E mandou todos os capitães que se arranjassem nos batéis e fossem com ele. E assim foi feito. Mandou armar um pavilhão naquele ilhéu e dentro levantar um altar bem arranjado e ali com todos nós fez dizer missa, a qual disse o padre Frei Henrique de Coimbra em voz entoada e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes, que todos assistiram, a qual missa, segundo meu parecer foi ouvida por todos com muito prazer e devoção.
Enquanto assistíamos a missa e o sermão, estaria na praia outra tanta gente, pouco mais como a de ontem, com seus arcos e setas, andava folgando e olhando-nos sentaram-se..."
No dia 01 de maio, na foz do rio Mutarí, foi celebrada a SEGUNDA MISSA NO BRASIL, local este, onde Cabral abasteceu todas as naus com lenha, água doce e, no dia 02 de maio de 1500 prosseguiu sua viagem às Índias.
O tempo de permanência de Cabral e sua armada em terras brasileiras foi de apenas 10 (dez) dias, ou seja, de 22 de abril a 01 de maio de 1500.
*Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da esquadra, narrando a celebração da missa ao rei de Portugal.


COLONIZAÇÃO e POVOAMENTO DE SANTA CRUZ CABRÁLIA

1534 - Criação das Capitanias Hereditárias pelo rei de Portugal. O Brasil foi dividido em 15 lotes e entregue a 12 (doze) donatários. A capitania de Porto Seguro foi doada a Pero de Campo Tourinho, nobre português de Viana do Castelo que, mobilizando 500 pessoas desta cidade, que na época contava com 2000 habitantes, partiu de Portugal rumo à nova terra.
1535 - Chegada de Pero de Campo - Tourinho e colonos ao Brasil. Criação das primeiras povoações às margens do rio Mutarí, com o primitivo nome de VERA CRUZ e da sede da capitania às margens do rio Buranhém, localizado no atual município de Porto Seguro.
Ano de fundação do atual município de Santa Cruz Cabrália.
1541 - A partir deste ano devido aos constantes ataques dos índios aimoré, assaltos, assolações e brigas entre Pero de Campo Tourinho e colonos, a povoação do rio Mutarí se muda para as margens do rio Sernambetiba (atualmente rio João de Tiba ) com o nome de Santa Cruz.
1832 - Na data de 13 de dezembro é assinado, pelo Sr. Presidente da Província do Estado da Bahia Dr. Honorato José Paim, o decreto que elevou a povoação à categoria de VILA DE SANTA CRUZ.
1833 - Na data de 23 de julho deste ano a vila foi elevada à categoria de município, sendo instalado o Município de Santa Cruz com Governo próprio e Câmara de Vereadores.
1931 - Na data de 08 de julho deste ano, o município de Santa Cruz perdeu sua autonomia por dois anos, por um ato precipitado do interventor federal Dr. Artur Neiva, sendo anexado ao município de Porto Seguro.
1933 - Na data de 04 de agosto deste ano, foi assinado o decreto de nº 8.594 pelo ex - interventor Juraci Montenegro Magalhães devolvendo a autonomia ao município de Santa Cruz desmembrando-o do município vizinho, Porto Seguro.
1935 - No dia 09 de março deste ano, por força do decreto n.º 9.400 foi incorporado ao nome Santa Cruz, o nome Cabrália, batismo realizado pelo padre Ayres de Casal, passando então o município a chamar-se definitivamente SANTA CRUZ CABRÁLIA.
1938 - Pelo decreto - lei n.º 10.724 de 30 de março deste ano, assinado pelo interventor Dr. Landulfo Alves de Almeida, o município de Santa Cruz Cabrália foi elevado à categoria de cidade.

ACERVO ARQUITETÔNICO
Localizado na Cidade Alta de Santa Cruz Cabrália, foi tombado em 29 de janeiro de 1981 pelo SPHAN como PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL E PAISAGÍSTICO compreendendo:
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO - Construída pelos jesuítas em 1630.

O PRIMEIRO CEMITÉRIO DA CIDADE - Localizado na área atrás da Igreja Nossa Senhora da Conceição.

CASA DE CÂMARA E CADEIA - Prédio construído em dois pavimentos constituído de uma cadeia com duas celas na parte térrea. No pavimento superior funcionava a Administração da Vila de Santa Cruz. Em 1665, foi instituída a primeira Intendência do Brasil que funcionou até o ano de 1945, o prédio ainda serviu como Delegacia e Câmara de Vereadores. Em 1965, o prédio encontrava-se em péssimo estado de conservação, sendo desativado o andar superior, já em ruínas.

Cultura Pataxó


O canto e a dança
O Awê para nós Pataxó significa o amor, a união e a espiritualidade com a natureza. O Awê nos traz segurança e a dança e o canto são instrumentos de comunhão entre nós Povo Pataxó e a natureza. Através do canto e da dança transpiramos e adquirimos novas energias da terra, do ar, da água, do fogo e de todas as energias positivas que formam a natureza.

A Pintura
A pintura corporal é um bem cultural de grande valor para nós Pataxó. Ela representa parte de nossa história, sentimentos do cotidiano e os bens sagrados. Usamos a pintura corporal em festas tradicionais na Aldeia como em ritos de casamento, nascimento, comemorações, dança, luta, sedução, luto, proteção, etc. Temos pintura para o rosto, braço, costas e até mesmo para as pernas. Usamos pinturas específicas para homens e mulheres casados e solteiros. As pinturas têm diversidade de tamanho e significados.

Alimentação
A nossa alimentação tem como base a pesca, coleta de frutos e raízes, bem como, a agricultura. No que se trata das raízes que usamos na alimentação, a mandioca, sem dúvida, é o alimento preferido. É dela que fazemos a nossa bebida sagrada conhecida como kawi, o makaiaba (o beiju) e kuiuna (farinha). Também cultivamos outras raízes como inhame, batata, amendoim, taioba, etc. Um outro alimento muito apreciado é o peixe preparado na folha da patioba, pois ele é um alimento saudável que rejuvenesce o corpo e purifica o espírito.

Artesanato
O nosso artesanato é feito a partir de tudo aquilo que a natureza oferece tais como madeiras, sementes, palhas, cipós, argila, penas, bambu e etc. Alguns artesanatos são feitos de barro como o pote, a talha e a panela. Outros são feitos de cipó como o caçuar e o cesto. E ainda têm os que são feitos com uruba como a peneira e o leque. Toda esta produção artesanal estava ligado às necessidades do cotidiano, bem como, alguns artesanatos estão relacionados a proteção espiritual como, por exemplo, o colar de Tento.

Plantas medicinais
A nossa vida em harmonia com a natureza permitiu o conhecimento de várias plantas, raízes, cipós, folhas, sementes, casca de madeiras, resinas e etc. A resina da amesca, por exemplo, serve para purificar o ambiente, fortalecer o espírito e também para afastar as coisas negativas do corpo.

Reserva da Jaqueira


KAÊHÁ PATAXÓ UPÚ KARTENIG

São vários registros históricos que confirmam a presença dos Índios Pataxó nesta região conhecida como “Costa do Descobrimento”. Nos relatos dos viajantes europeus que visitaram o Brasil no século XIX, por exemplo, encontramos evidências da presença dos índios Pataxó nas regiões litorâneas do Brasil conhecidas como Bahia e no interior das matas de Minas Gerais.

Hoje nos identificamos como Povo Pataxó, originários da Aldeia de Barra Velha, chamada por nós de Aldeia Mãe, área indígena do Monte Pascoal. Estamos distribuídos em várias aldeias por diversos municípios como Prado, Itamaraju, Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro; sendo que em cada aldeia tem um Cacique.

A Reserva da Jaqueira foi um dos lugares que fora habitado pelos índios Pataxó no passado. Esse espaço sempre foi considerado um lugar sagrado, morada dos espíritos, lugar de rituais repleto de muita energia positiva. Hoje a Reserva da Jaqueira é um lugar utilizado para a revitalização, afirmação e valorização da cultura Pataxó.

É na Reserva da Jaqueira que desenvolvemos diversas atividades como educação ambiental, aliada ao ecoturismo para o desenvolvimento sustentável; divulgação da nossa história e de vários outros aspectos da nossa cultura como a música, a dança, a culinária, bem como, conhecimento medicinal das plantas, palestras, caminhadas pela mata; também mostramos o nosso modo de viver no território, nossos costumes e tradições em harmonia com a natureza.

Jogos Indíginas Pataxó


Quatro etnias indígenas participarão da 10ª edição dos Jogos Indígenas Pataxó

De 16 a 20 de abril a aldeia indígena de Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, será palco da 10ª Edição dos Jogos Indígenas Pataxó. Os jogos têm o objetivo de promover a integração cultural e esportiva de todas as comunidades indígenas da região.
Os jogos devem reunir cerca de 400 atletas de quatro etnias indígenas (Pataxó, Pataxó Hãhãhã, Tupinambá e Kiriri), para disputarem modalidades como arco e flecha, arremesso de Takape, Patiw Miwka’ay (luta corporal), Zarabatana, Corrida rústica, Corrida com Maraká (Chocalho), Cabo de guerra, canoagem, natação e Corrida com Tora.
Todas as modalidades são disputadas por homens e mulheres, durante os cinco dias de competição é possível aprender um pouco mais da cultura pataxó não só através das modalidades esportivas, mas também através do artesanato pataxó e das apresentações culturais realizadas nos intervalos dos jogos. Todas as modalidades serão disputadas na Praça do Cruzeiro, local onde foi rezada a 1ª missa do Brasil.
Uma novidade para esta edição dos jogos indígenas é a apresentação de novos elementos da cultura pataxó, através da dança e da música. “Estamos trabalhando com o resgate de nossa cultura e para esse ano preparamos apresentações culturais diferentes das que costumamos apresentar”, disse Kelly Cristina, da comissão organizadora.
A 10ª edição dos Jogos Indígena Pataxó é uma realização da Associação Comunitária Indígena Pataxó, com o patrocínio da Veracel Celulose, da Superintendência do Desporto do Estado da Bahia (Sudesb), da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Prefeitura Municipal de Santa Cruz Cabrália e da Embasa, com o apoio da Pataxós Turismo e da Secretaria de Justiça do Estado da Bahia.

Historia da Brasil



O ÍNDIO HOJE

Hoje, no Brasil, vivem cerca de 460 mil índios, distribuídos entre 225 sociedades indígenas, que perfazem cerca de 0,25% da população brasileira. Cabe esclarecer que este dado populacional considera tão-somente aqueles indígenas que vivem em aldeias, havendo estimativas de que, além destes, há entre 100 e 190 mil vivendo fora das terras indígenas, inclusive em áreas urbanas. Há também 63 referências de índios ainda não-contatados, além de existirem grupos que estão requerendo o reconhecimento de sua condição indígena junto ao órgão federal indigenista.

O que é ser índio

Os habitantes das Américas foram chamados de índios pelos europeus que aqui chegaram. Uma denominação genérica, provocada pela primeira impressão que eles tiveram de haverem chegado às Índias.
Mesmo depois de descobrir que não estavam na Ásia, e sim em um continente até então desconhecido, os europeus continuaram a chamá-los assim, ignorando propositalmente as diferenças lingüístico-culturais. Era mais fácil tornar os nativos todos iguais, tratá-los de forma homogênea, já que o objetivo era um só: o domínio político, econômico e religioso.

Se no Período Colonial era assim, ao longo dos tempos, definir quem era índio ou não constituiu sempre uma questão legal. Desde a independência em relação às metrópoles européias, vários países americanos estabeleceram diferentes legislações em relação aos índios e foram criadas instituições oficiais para cuidar dos assuntos a eles relacionados.
Nas últimas décadas, o critério da auto-identificação étnica vem sendo o mais amplamente aceito pelos estudiosos da temática indígena. Na década de 50, o antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro baseou-se na definição elaborada pelos participantes do II Congresso Indigenista Interamericano, no Peru, em 1949, para assim definir, no texto "Culturas e línguas indígenas do Brasil", o indígena como: "(...) aquela parcela da população brasileira que apresenta problemas de inadaptação à sociedade brasileira, motivados pela conservação de costumes, hábitos ou meras lealdades que a vinculam a uma tradição pré-colombiana. Ou, ainda mais amplamente: índio é todo o indivíduo reconhecido como membro por uma comunidade pré-colombiana que se identifica etnicamente diversa da nacional e é considerada indígena pela população brasileira com quem está em contato".
Uma definição muito semelhante foi adotada pelo Estatuto do Índio (Lei nº. 6.001, de 19.12.1973), que norteou as relações do Estado brasileiro com as populações indígenas até a promulgação da Constituição de 1988.
Em suma, um grupo de pessoas pode ser considerado indígena ou não se estas pessoas se considerarem indígenas, ou se assim forem consideradas pela população que as cerca. Mesmo sendo o critério mais utilizado, ele tem sido colocado em discussão, já que muitas vezes são interesses de ordem política que levam à adoção de tal definição, da mesma forma que acontecia há 500 anos.

Identidade e diversidade

As populações indígenas são vistas pela sociedade brasileira ora de forma preconceituosa, ora de forma idealizada. O preconceito parte, muito mais, daqueles que convivem diretamente com os índios: as populações rurais.
Dominadas política, ideológica e economicamente por elites municipais com fortes interesses nas terras dos índios e em seus recursos ambientais, tais como madeira e minérios, muitas vezes as populações rurais necessitam disputar as escassas oportunidades de sobrevivência em sua região com membros de sociedades indígenas que aí vivem. Por isso, utilizam estereótipos, chamando-os de "ladrões", "traiçoeiros", "preguiçosos" e "beberrões", enfim, de tudo que possa desqualificá-los. Procuram justificar, desta forma, todo tipo de ação contra os índios e a invasão de seus territórios.
Já a população urbana, que vive distanciada das áreas indígenas, tende a ter deles uma imagem favorável, embora os veja como algo muito remoto. Os índios são considerados a partir de um conjunto de imagens e crenças amplamente disseminadas pelo senso comum: eles são os donos da terra e seus primeiros habitantes, aqueles que sabem conviver com a natureza sem depredá-la. São também vistos como parte do passado e, portanto, como estando em processo de desaparecimento, muito embora, como provam os dados, nas três últimas décadas tenha se constatado o crescimento da população indígena.
Só recentemente os diferentes segmentos da sociedade brasileira estão se conscientizando de que os índios são seus contemporâneos. Eles vivem no mesmo país, participam da elaboração de leis, elegem candidatos e compartilham problemas semelhantes, como as conseqüências da poluição ambiental e das diretrizes e ações do governo nas áreas da política, economia, saúde, educação e administração pública em geral. Hoje, há um movimento de busca de informações atualizadas e confiáveis sobre os índios, um interesse em saber, afinal, quem são eles.
Qualquer grupo social humano elabora e constitui um universo completo de conhecimentos integrados, com fortes ligações com o meio em que vive e se desenvolve. Entendendo cultura como o conjunto de respostas que uma determinada sociedade humana dá às experiências por ela vividas e aos desafios que encontra ao longo do tempo, percebe-se o quanto as diferentes culturas são dinâmicas e estão em contínuo processo de transformação.

O Brasil possui uma imensa diversidade étnica e lingüística, estando entre as maiores do mundo. São 215 sociedades indígenas, mais cerca de 55 grupos de índios isolados, sobre os quais ainda não há informações objetivas. 180 línguas, pelo menos, são faladas pelos membros destas sociedades, as quais pertencem a mais de 30 famílias lingüísticas diferentes.
No entanto, é importante frisar que as variadas culturas das sociedades indígenas modificam-se constantemente e reelaboram-se com o passar do tempo, como a cultura de qualquer outra sociedade humana. E é preciso considerar que isto aconteceria mesmo que não houvesse ocorrido o contato com as sociedades de origem européia e africana.
No que diz respeito à identidade étnica, as mudanças ocorridas em várias sociedades indígenas, como o fato de falarem português, vestirem roupas iguais às dos outros membros da sociedade nacional com que estão em contato, utilizarem modernas tecnologias (como câmeras de vídeo, máquinas fotográficas e aparelhos de fax), não fazem com que percam sua identidade étnica e deixem de ser indígenas.
A diversidade cultural pode ser enfocada tanto sob o ponto de vista das diferenças existentes entre as sociedades indígenas e as não-indígenas, quanto sob o ponto de vista das diferenças entre as muitas sociedades indígenas que vivem no Brasil. Mas está sempre relacionada ao contato entre realidades socioculturais diferentes e à necessidade de convívio entre elas, especialmente num país pluriétnico, como é o caso do Brasil.
É necessário reconhecer e valorizar a identidade étnica específica de cada uma das sociedades indígenas em particular, compreender suas línguas e suas formas tradicionais de organização social, de ocupação da terra e de uso dos recursos naturais. Isto significa o respeito pelos direitos coletivos especiais de cada uma delas e a busca do convívio pacífico, por meio de um intercâmbio cultural, com as diferentes etnias.

As línguas indígenas

A língua é o meio básico de organização da experiência e do conhecimento humanos. Quando falamos em língua, falamos também da cultura e da história de um povo. Por meio da língua, podemos conhecer todo um universo cultural, ou seja, o conjunto de respostas que um povo dá às experiências por ele vividas e aos desafios que encontra ao longo do tempo.
Há várias maneiras de se classificar as línguas. Os lingüistas atuais consideram como mais apropriada a classificação do tipo genético. Eles só recorrem a outros tipos de classificação quando não há dados suficientes para realizar a classificação por meio do critério genético.
Na classificação genética, reúnem-se numa mesma classe as línguas que tenham tido origem comum numa outra língua mais antiga, já extinta. Desta forma, as línguas faladas pelos diversos povos da Terra são agrupadas em famílias lingüísticas, e estas famílias são reunidas em troncos lingüísticos, sempre buscando a origem comum numa língua anterior.
Embora o português seja a língua oficial no Brasil, deve haver por volta de outras 200 línguas faladas regularmente por segmentos da população. Um exemplo são os descendentes de imigrantes italianos, japoneses etc., que em determinados contextos falam a língua materna.
Ainda hoje, muitos índios falam unicamente sua língua, desconhecendo o português. Outros tantos falam o português como sua segunda língua. O lingüista brasileiro Aryon Dall'Igna Rodrigues estabeleceu uma classificação das línguas indígenas faladas no Brasil, sendo esta a mais utilizada pela comunidade científica que se dedica aos estudos pertinentes às populações indígenas.
As línguas são agrupadas em famílias, classificadas como pertencentes aos troncos Tupi, Macro-Jê e Aruak. Há Famílias, entretanto, que não puderam ser identificadas como relacionadas a nenhum destes troncos. São elas: Karib, Pano, Maku, Yanoama, Mura, Tukano, Katukina, Txapakura, Nambikwara e Guaikuru.
Além disso, outras línguas não puderam ser classificadas pelos lingüistas dentro de nenhuma família, permanecendo não-classificadas ou isoladas, como a língua falada pelos Tükúna, a língua dos Trumái, a dos Irântxe etc.
Ainda existem as línguas que se subdividem em diferentes dialetos, como, por exemplo, os falados pelos Krikatí, Ramkokamekrá (Canela), Apinayé, Krahó, Gavião (do Pará), Pükobyê e Apaniekrá (Canela), que são, todos, dialetos diferentes da língua Timbira.
Há sociedades indígenas que, por viverem em contato com a sociedade brasileira há muito tempo, acabaram por perder sua língua original e por falar somente o português. De algumas dessas línguas não mais faladas ficaram registros de grupos de vocábulos e informações esparsas, que nem sempre permitem aos lingüistas suficiente conhecimento para classificá-las em alguma família. De algumas outras línguas, não ficaram nem resquícios.
Estima-se que cerca de 1.300 línguas indígenas diferentes eram faladas no Brasil há 500 anos. Hoje são 180, número que exclui aquelas faladas pelos índios isolados, uma vez que eles não estão em contato com a sociedade brasileira e suas línguas ainda não puderam ser estudadas e conhecidas.
Ressalte-se que o fato de duas sociedades indígenas falarem línguas pertencentes a uma mesma família não faz com que seus membros consigam entender-se mutuamente. Um exemplo disso se dá entre o português e o francês: ambas são línguas românicas ou neolatinas, mas os falantes das duas línguas não se entendem, apesar das muitas semelhanças lingüísticas existentes entre ambas.
É importante lembrar que o desaparecimento de tantas línguas representa uma enorme perda para a humanidade, pois cada uma delas expressa todo um universo cultural, uma vasta gama de conhecimentos, uma forma única de se encarar a vida e o mundo.

Índios isolados

Alguns povos indígenas, desde a época do Descobrimento, mantiveram-se afastados de todas as transformações ocorridas no País. Eles mantêm as tradições culturais de seus antepassados e sobrevivem da caça, pesca, coleta e agricultura incipiente, isolados do convívio com a sociedade nacional e com outros grupos indígenas.
Os índios isolados defendem bravamente seu território e, quando não podem mais sustentar o enfrentamento com os invasores de seus domínios, recuam para regiões mais distantes, na esperança de lograrem sobreviver escondendo-se para sempre.
Pouca ou nenhuma informação se tem sobre eles e, por isso, sua língua é desconhecida. Entretanto, sabe-se que alguns fatores são fundamentais para possibilitar a existência futura desses grupos. Entre eles, a demarcação das terras onde vivem e a proteção ao meio ambiente, de forma a garantir sua sobrevivência física e cultural.
No processo de ocupação dos espaços amazônicos, o conhecimento e o dimensionamento das regiões habitadas por índios isolados são fundamentais para que se possa evitar o confronto e a destruição desses grupos.
Há na FUNAI, desde 1987, uma unidade destinada a tratar da localização e proteção dos índios isolados, cuja atuação se dá por meio de sete equipes, denominadas Frentes de Contato, atuando nos estados do Amazonas, Pará, Acre, Mato Grosso, Rondônia e Goiás.

Semana da Intercessão Missionária

terça-feira, 6 de julho de 2010

SOBREVIVÊNCIA DAS CRIANÇAS INDÍGENAS


Madrid, 25 de Fevereiro 2004 – As crianças indígenas fazem parte dos grupos mais vulneráveis e marginalizados do mundo, por isso é urgente agir a nível mundial para proteger a sua sobrevivência e direitos, diz um relatório do Centro de Investigação da UNICEF em Florença.
Melhorar a vida destas crianças é crucial não apenas para a sua própria saúde e bem-estar mas também para o futuro das populações indígenas e para a preservação do seu lugar único no seio da família humana, conclui o relatório.

“Quando as crianças indígenas têm a possibilidade de viver em paz e segurança e livres da discriminação, podem contribuir com o seu enorme potencial para as comunidades e países em que vivem e também para a sociedade em geral,” afirmou a Directora Executiva da UNICEF, sra Carol Bellamy. “Se quisermos atingir objectivos como a redução da pobreza, a educação para todos e travar a epidemia do VIH/SIDA, temos que colocar as crianças – sobretudo as mais vulneráveis como as das comunidades indígenas – no centro dos nossos esforços.”

Estima-se que há actualmente no mundo 300 milhões de pessoas indígenas. Habitam em todas as regiões do globo, são originárias de cerca de 70 países e falam três quartos das 6.000 línguas faladas no mundo. Cerca de metade da população indígena mundial vive na Ásia; segue-se a América Latina com a segunda maior população indígena.

Comparando a situação das crianças indígenas com a das outras crianças, verificamos que têm taxas de vacinação mais baixas e de mortalidade mais elevadas; índices de escolarização menores, maiores taxas de insucesso e abandono escolar; e uma inadequada protecção nos sistemas de judiciais. Tanto nos países ricos como nos países pobres, as taxas de mortalidade materna, périnatal e infantil são mais elevadas nos grupos indígenas. O registo de nascimento –
o primeiro passo para uma identidade legal e para o direito à cidadania – é de um modo geral significativamente inferior entre as crianças indígenas.

O relatório apresenta exemplos de como os direitos das crianças indígenas quer nas zonas rurais quer urbanas são frequentemente comprometidos ou negados. Os problemas colocam-se particularmente nos seguintes domínios: o direito das crianças indígenas à sobrevivência e desenvolvimento; a cuidados de saúde; a uma educação que respeite a sua identidade cultural; à protecção contra abusos, violência e exploração; e a participação em processos de decisão que afectem as suas vidas.

O relatório diz que os governos devem atribuir recursos e adoptar legislação, políticas e serviços para apoiar as famílias indígenas.

As comunidades indígenas vivem muitas vezes sob uma enorme pressão cultural e social. A falta de oportunidades, a discriminação cultural, o apoio social inadequado, a perda das suas terras ou a dificuldade de integração na cultura dominante contribuem para a falta de auto-estima e perda e identidade que podem dar origem à depressão, ao abuso do álcool e de outras substâncias, e ao suicídio. As crianças indígenas estão particularmente expostas ao tráfico de seres humanos, à exploração sexual ou ao trabalho forçado, e às consequências dos conflitos armados e instabilidade civil.

O Relatório da UNICEF destaca quatro áreas estratégicas onde se provou que o investimento, sobretudo quando assente nas potencialidades das comunidades indígenas, pode ser altamente benéfico para as suas crianças.

Iniciativas de carácter prático:

• Saúde e nutrição – realização de estudos sobre as práticas indígenas na área da saúde e o papel desempenhado pelos diversos membros da comunidade no que diz respeito à prestação de cuidados; formação de elementos da comunidade indígena como agentes de saúde para que possam trabalhar com curandeiros e parteiras tradicionais; melhoria do acesso a cuidados de saúde, sobretudo em zonas mais remotas.

• Educação– criação de programas pré-escolares; oferta de programas de educação bilingue; adaptação do ensino à cultura, recorrendo, por exemplo, à participação de anciãos na vida escolar; adaptação dos horários escolares aos ritmos diários e sazonais da vida da comunidade.

• Protecção e apoio – aumentar a capacidade das famílias indígenas, das redes familiares e das comunidades; dar uma especial atenção às crianças e jovens indígenas das zonas urbanas e peri-urbanas; assegurar que o sistema judicial está consciente das diferenças culturais e as toma em consideração.

• Participação em processos de decisão – tomar medidas para ultrapassar obstáculos ao registo de nascimento, incluindo os problemas de sensibilização e acesso; dar às crianças indígenas a possibilidade de participarem em debates a nível comunitário, nacional e internacional.

Fonte: Relatório do Centro de Investigação da UNICEF

Informações Etnográficas


As primeiras notícias quanto a existência dos índios suruwahá datam dos anos setenta. Moradores da região dizem ter tido contatos esporádicos com índios arredios no rio Coxodoá, município de Tapauá, estado do Amazonas, entre 1972 e 1977. Em 1978, membros da organização católica CIMI (Conselho Indigenista Missionário), através de um sobrevôo na área localizaram algumas malocas de um povo indígena desconhecido, e resolveram enviar uma equipe de exploração para a região. Em 1980, após dois anos de intenso trabalho conseguem estabelecer contato amistoso com os indígenas. A via de acesso utilizada para chegar até a maloca foi uma picada aberta com rumo de 300 graus a partir da foz do Igarapé do Pretão, afluente do igarapé Riozinho.

Em 1983 Sebastião Amâncio da Costa, chefiou uma expedição da FUNAI na área do Igarapé do Coxodoá. Sua equipe era constituída por 14 pessoas, e tinha como integrantes, indígenas dos povos Wai-wai, Xereu, Ixkariana, Atroari, Deni e Baniwa. Esta equipe iniciou a abertura de uma picada saindo da boca do Igarapé Coxodoá com rumo de 180 graus com o objetivo de contactar os Suruwahá. Após 20 km de caminho aberto pela floresta, finalmente encontraram-se com os índios. Deixaram muitos presentes e regressaram a Manaus com planos de estabelecer um posto da FUNAI na área, mas nunca mais voltaram.

No ano seguinte foi criado um grupo de trabalho pelo presidente da FUNAI através da portaria n 1764/E de 14.09.1984 , propondo a demarcação da área Suruwahá. O resultado foi o seguinte: área de 233.900 ha com 500 km de perímetro, localizado no município de Camaruã no estado do Amazonas. Esta área foi demarcada pelo exército brasileiro entre novembro de 1987 e janeiro de 1988.

A área indígena Suruwahá está localizada no estado do Amazonas, na região sudoeste, a noroeste da cidade de Lábrea. O acesso à área pode ser feito por via fluvial, pelos rios Solimões, Purus, Tapauá e Cunhuá. A partir do rio Cunhuá existem duas opções: entrar no Riozinho, pegar o igarapé do Pretão e usar o varadouro utilizado pelos missionários do CIMI , ou subir mais o rio até a foz do Coxodoá e caminhar cerca de 20 quilômetros pelo varadouro da Funai. Existe ainda uma terceira possibilidade de acesso à área: Viajar de avião até a aldeia do Marrecão (tribo Deni). Neste local existe um Posto da Missão Novas Tribos, uma pista de pouso e sistema de comunicação por rádio. Do Marrecão pode-se descer o Cunhuá até o igarapé Coxodoá.

A área Suruwahá está cercada pelos rios Cunhuá e Riozinho e pelo igarapé Coxodoá. Estes três igarapés são de importância muito grande para a sobrevivência do grupo. No período de verão, quando as águas baixam, são realizadas grandes pescarias cujos frutos são os principais responsáveis pelo suprimento de proteínas e gordura durante esta época, uma vez que a caça é escassa. Existem ainda outros afluentes menores destes três igarapés, onde se encontram construídas casas comunais.

São raras as expedições do grupo para o Coxodoá, Cunhuá e Riozinho, devido à grande distância em que se encontram. Além disso, estas áreas são infestadas de mosquitos conhecidos na região como piuns, que causam grande desconforto.

O grupo, composto por cerca de 140 pessoas, é único e monolíngue. Não se tem notícia de outro grupo que fale a mesma língua. Segundo a tradição oral na aldeia, o grupo atual é formado por 7 grupos que levam uma denominação de ‘ dawa’. São eles: sarukadawa, adamidawa, tabusudawa, jukihidawa, masanidawa, kurubidawa e nakadanidawa. Esses grupos viviam separados há cerca de 100 anos atrás, mas mantinham relacionamento entre si. Fatores como chacinas e doenças deixaram estes grupos reduzidos, o que levou os remanescentes a se juntarem, formando assim o povo atual.

Alguns rapazes conhecem algumas palavras de português, que aprenderam no convívio com indigenistas e missionários.

Já foram realizadas algumas descrições preliminares da língua. A primeira tentativa de análise fonológica foi realizada por Bráulia Ribeiro em 1985 com um corpus bastante reduzido. Em 1990 Kroemer, Weber & Silva elaboraram o ‘Relatório Lingüístico Preliminar Zuruahá’. Em 1990, Edson Suzuki realizou uma pesquisa comparativa e classificou a língua Suruwahá na família Arawá. Em 1995 Márcia Suzuki publicou o Esboço Fonológico Preliminar da Língua Suruwahá e Interação entre Regras Segmentais e Prosódicas em Suruwahá.. No mesmo ano Daniel Everett publicou ‘Sistemas prosódico das línguas Arawá’, onde incluiu um capítulo sobre a língua Suruwahá. Em 1995 foi publicada no IJAL um artigo de Robert Dixon sobre Desenvolvimento do Gênero em Jarawara, que incluiu várias informações sobre o sistema fonológico do Suruwahá. Em 2000 Márcia Suzuki publicou o artigo OCP e Sibilantes no Suruwahá.

Os Suruwahá vivem juntos em casas comunais. Existem atualmente três casas construídas e três em fase de construção. A maloca é de forma cônica, cuja base é sentada numa circunferência formada por pequenos postes de um metro e meio de altura. As aberturas entre os postes que ficam em frente a algum caminho, servem de portas. A cobertura é feita de folhas de caranã trançadas em varas de paxiúba em forma de panos, que são sobrepostos de baixo para cima sobre uma estrutura formada de suportes e vigas, que se unem na ponta da cúpula formando assim o telhado. Além da circunferência da base, existe uma circunferência mais interna que serve de suporte para o teto. Ela é escorada por grandes vigas, nas quais são amarradas duas traves que saem até à circunferência exterior, que servem como repartições familiares, e principalmente para se amarrar as redes. Estas áreas são denominadas de kahu.

Cada família é responsável por sua subsistência, mas a reciprocidade generalizada faz parte da vida comunitária. A divisão de trabalho é feita basicamente por sexo. Os homens são responsáveis pela caça e preparo da mesma, derrubam a mata para fazer o plantio que é trabalho de ambos. São eles os construtores das casas, e fabricantes de seus utensílios de caça. As mulheres cuidam da comida e de tudo que se refere a seu preparo, além de cuidar das crianças e da colheita.

Nos meses de verão as pescarias são constantes e grande parte da população participa. O organizador da pesca é responsável por trazer de sua roça grande quantidade de timbó, um tipo de raiz venenosa que será esmagada e colocada em cestos feitos de folha de patauá e transportados até o local da pescaria. No momento da pesca algumas pessoas carregam o veneno para um determinado ponto do rio, e o restante se distribui pelos barrancos rio abaixo afim de esperarem o peixe intoxicado pelo veneno.

Além da carne de caça e peixe, a alimentação deles se constitui basicamente de tubérculos como batata doce, mandioca, cará, inhame, ariá, taioba, e frutas diversas. Eles cultivam cinco espécies de banana, várias espécies de abacaxi, cana-de-açúcar, caju e pupunha. Esta última, riquíssima em gordura e vitaminas, tem grande valor no seu ciclo alimentar.

Os Suruwahá são também conhecidos como ‘povo do veneno’ devido à pratica e veneração do suicídio, que constitui uma das características mais marcantes de sua cultura. O suicídio ritual é um traço da cultura Suruwahá que foi instituído há pouco mais de um século, com o suicídio de Dawari, um homem muito forte e influente. A partir daí este costume se estabeleceu e se firmou como uma maneira honrosa de se morrer. O suicídio está diretamente ligado à mitologia Suruwahá e às crenças com respeito à vida após a morte. Somente desde a época do contato, mais de 30 adultos se suicidaram. Esses números são alarmantes, já que correspondem a cerca de 25% da população. O suicídio se dá através da ingestão do sumo da raiz do timbó, a mesma substância usada nas pescarias.

Os suruwaha


Os suruwaha são conhecidos pelas tribos vizinhas como “o povo vermelho” por aparecerem na mata sempre pintados com urucum dos pés à cabeça. São conhecidos por antropólogos e indigenistas como “o povo do veneno” devido à forte tradição de suicídio através da ingestão da raiz venenosa do timbó. Mas pare eles mesmos, que descendem de sobreviventes de sete grupos distintos, são apenas “gente”- uma gente forte, bonita e trabalhadora, criada a partir da semente de uma futa do mato.

Na época do contato essa “gente” precisou arrumar um termo para usar como nome, já que os “brancos” insistiam num nome para o grupo. Aniumariu, um senhor forte e inteligente, resolveu fazer uma brincadeira e disse que eles se chamavam suruwaha. Na verdade, esse era o nome de um caçador que vivera há muito tempo atrás naquela região. O termo pegou e até hoje, mais de 20 anos após o contato, eles são conhecido no mundo de fora como índios suruwaha.

Com uma população em torno de 130 pessoas, os suruwaha vivem em enormes malocas comunitárias na região de terras altas entre os igarapés Coxodoá e Riozinho, no estado do Amazonas. Exímios agricultores, cultivam mandioca, milho, banana, pupunha, inhame, batata-doce, abacaxi, cana-de açúcar e outras frutas. Caçam com arco e flecha ou com zarabatana e pescam principalmente usando timbó. Vestem tangas de algodão e confeccionam suas próprias redes e panelas de barro.

Apesar de serem saudáveis e fortes, e de ainda viverem de modo tradicional, como viviam seus ancestrais, os suruwaha possuem a mais alta taxa de suicídio já noticiada no mundo. E, apesar do suicídio ter sido objeto de várias pesquisas, ele têm sido visto até hoje mais como fenômeno cultural exótico, do que como uma patologia coletiva que exige atenção especializada.

A preconceituosa Rede Globo de Televisão


Índios denunciam perseguição à obra missionária nas tribos do Brasil

Reportagem preconceituosa da Globo e antropólogos deturpam e atacam missões evangélicas, e despertam críticas em todo o país.

Nos dias 19 e 25 de setembro, o programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, levou ao ar duas reportagens que indignaram as igrejas e especialmente as comunidades de índios evangélicos no Brasil. A matéria criticou missionários da missão evangélica Jovens Com Uma Missão (Jocum) de levarem índios Suruwahá, da região do Médio Purus, no Amazonas, para tratamento médico em São Paulo.

Os missionários levaram a São Paulo oito índios Suruwahá com sérios problemas de sáude. Segundo a reportagem do Fantástico e a declaração de antropólogos, os índios não poderiam ser tirados de seu “habitat natural”, sendo preferível morrerem em suas tribos do que serem levados para fora a fim de receberem tratamento e serem curados, e conseqüentemente reintegrados aos Suruwahá.

Segundo a matéria sensacionalista do Fantástico, o que os missionários fizeram “pode ter conseqüências desastrosas para a sobrevivência da tribo”, porque “Suruwahá são índios totalmente isolados e tutelados pela lei brasileira. Só a Funai pode ter acesso à aldeia.

São cerca de 140 indivíduos e entre eles é grande o número de suicídios, a chamada morte ritual: o índio se envenena para chegar à mítica ‘terra ideal’. Também as crianças que nascem com alguma deficiência física são abandonadas para morrer, porque os índios julgam que elas não têm condições de sobreviver na selva. A política de Estado brasileira é preservar o isolamento para evitar danos ao equilíbrio cultural da etnia, especialmente num povo tão fragilizado pelo alto número de suicídios. Mas as deficiências do Estado favorecem a ação dos missionários religiosos”.

Em outras palavras, para o Fantástico e especialistas entrevistados pelo programa, é errado impedir que crianças deficientes sejam abandonadas para morrer em suas tribos, mesmo que sua deficiência seja curável. Para eles, o bem maior a ser tutelado não é a vida, mas a cultura suicida e assassina de uma tribo. Detalhe: os missionários não queriam e não querem acabar com a tribo, obviamente, mas salvar a vida dos que foram abandonados para morrer.

Entre as oito pessoas “retiradas” (resgatadas) da tribo pela Jocum estão duas crianças: Sumawani, de seis meses, e Iganani, de um ano e meio. Elas foram abandonadas pela tribo para morrer. Sumawani tem hermafroditismo: seu órgão genital tem características dos dois sexos. Iganani nasceu com paralisia cerebral e não move as pernas. Se não fossem os missionários, as duas garotas morreriam. Mesmo assim, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) condenaram a atitude da Jocum (sic).

Posteriormente, a Funasa acabou cedendo quanto ao tratamento e levou a São Paulo a documentação necessária para que Sumawani seja operada no Hospital das Clínicas de São Paulo e Iganani faça fisioterapia. Os médicos já avaliam que Ignani pode vir a andar. Porém, a Funai disse que “não vai tirar de imediato as crianças das mãos dos missionários evangélicos, porque isso poderia prejudicar as indiazinhas, mas a intervenção dos evangélicos do grupo Jocum viola a constituição e o estatuto do índio”.

Chega a ser estranha a explicação do antropólogo João Dal Poz, da Universidade Federal do Mato Grosso, entrevistado do Fantástico, que viveu por quatro meses na aldeia e condenou a atitude da Jocum. “Como a Funai, que seria a responsável pela assistência aos índios, e a Funasa, que é a responsável pela saúde dos índios, não dão a atenção necessária, devido à distância, aos recursos parcos, a missão se aproveita e eles ficam barganhando, fazendo da atenção à saúde uma moeda de troca para a conversão dos índios”.

A reportagem aproveitou o final da fala do antropólogo para distorcer a real motivação da missão evangélica. Afirmou que os missionários salvaram as crianças por interesse, e não compaixão. Segundo a matéria, eles queriam apenas conquistar a fé delas. O que os jornalistas esquecem é que o Evangelho manda o cristão ser misericordioso, amar o próximo, independente de a pessoa ajudada aceitar o Evangelho. Simplesmente, deve-se ajudar, e pronto (Lc 10.25-35).

Gedeon Freire de Alencar, diretor pedagógico do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos, condenou a lógica do antropólogo Dal Poz. “A fala do antropólogo é uma pérola. Ele admite que a Funai não cumpre sua função e que os missionários cuidam da saúde. Ao ensejo, qual é o papel do antropólogo nesta história, além de fazer ‘análise’ para a tevê? Se os antropólogos são os únicos que têm total acesso a esses povos, inclusive usando dinheiro público, porque eles não minoraram essas condições? A ação antropológica, pelo visto, se restringe a ajudar a preservar o isolamento do grupo para o benefício da integridade étnica cultural, conquanto os Suruwahá continuem cometendo suicídios e infanticídios rituais”.

Para sustentar sua argumentação, a Globo citou textos do site da Jocum e de missionários que “comprovam a motivação de catequizar”. Que frases são essas? “Nossos olhos foram abertos para entender a maneira maravilhosa como Deus preparou esse povo para receber o amor de Jesus”; “Nossa motivação é religiosa” e a declaração da presidente da Jocum, Bráulia Ribeiro, sobre o contato com os Suruwahá: “Era uma tribo intacta. Eu falei: essa tribo é um tesouro, a gente tem que chegar lá antes que os exploradores, antes que os emissários do Diabo cheguem para destruir”.

O que essas falas provam, na verdade, é o óbvio ululante. Que a missão evangélica tem por objetivo… fazer missões, evangelizar, fazem o bem. O que não significa que o bem só deve ser feito se a pessoa a quem ele é dirigido aceitar o Evangelho. A lógica da reportagem é frágil até mesmo se concordarmos absurdamente que a ajuda era “uma moeda de troca para ganhar a fé dos índios”. Na fé cristã, o bem não é feito com vistas à conversão dos beneficiados, mas independente da conversão deles. Além disso, o que os missionários ganhariam com índios convertidos? Dinheiro deles?

Ainda na reportagem sensacionalista, o antropólogo Dal Poz afirma que “cabe à nossa sociedade respeitar essa diversidade cultural e religiosa e não impor uma outra religião a qualquer preço”. Por acaso houve uma “imposição da fé a qualquer preço”? Por acaso algum missionário disse às crianças e aos idosos que estavam abandonados à morte “Só vamos te ajudar se você aceitar nossa fé” antes de socorrê-los ou em algum outro momento? Ou será que o que houve foi um desejo de socorrer em vez de ser omisso e deixar pessoas sofrerem injustamente diante dos próprios olhos?

Índios evangélicos reagem

Pastor Henrique Terena, presidente do Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas (Conplei), criticou a condenação da atitude dos missionários pela Funai e o Fantástico. “A posição da Conplei é que os índios sejam consultados se querem ou não receber ajuda. Nessa história toda, falam a Funai, os jornalistas, os antropólogos, a Funasa e ninguém ouve os próprios índios. É necessária uma resposta do próprio indígena em relação a isso. Houve palavras de outros segmentos da sociedade brasileira, mas não do povo indígena.

Então, como índio, queremos dar nossa palavra. E nossa opinião é que o maior prejudicado em toda essa história somos nós de novo, o povo indígena”.

O índio Terena, que está acompanhando a situação, explica o caso dos Suruawhá e conta qual foi a resposta do pai de uma das crianças logo depois que criticaram o ato dos missionários, e que não foi divulgada pela mídia. “Toda cultura tem uma maneira particular de ver as coisas. Na cultura Suruwahá em específico, uma criança que nasce com algum defeito físico é morta pelos pais. Então, os missionários viram a possibilidade de salvar essas crianças. Elas conversaram com os pais dizendo: ‘Não façam isso, podemos fazer alguma coisa. Hoje há saída na medicina para essa situação, para reverter esse quadro do seu filho’. Então, os índios falaram: ‘Queremos ver. Onde é que podemos fazer isso?’ Aí pegaram uma autorização da Funai e da Funasa e levaram eles pra São Paulo, para fazer uma cirurgia. Depois da reportagem, foram perguntar ao pai sobre essa situação complicada, e ele disse: ‘Se eu for voltar para aldeia com meu filho, vou matar meu filho, porque na nossa cultura isso não pode acontecer’”.

Ele destaca ainda que os missionários fizeram sua parte e que o povo indígena não deve ser abandonado à morte em nome da “preservação de sua cultura”, pois ela pode ser preservada sem que a vida dos índios seja colocada em risco. “Apoiamos qualquer esforço que visa ao bom atendimento do índio, seja na área de saúde ou educação. Por isso, aprovamos a ajuda dos missionários. Todo ser humano necessita de uma ajuda médica ou qualquer outra ação de benefício. O povo indígena não é um grupo diferente. Embora tendo sua característica própria, cultura própria, ele precisa, por exemplo, de um atendimento médico. Não somos apenas um produto da natureza. Somos pessoas, temos sentimentos, desejos, queremos expressar isso de modo claro, para que todas as pessoas compreendam aquilo que pensamos em relação a nós mesmos”.

O líder indígena ressalta a importância do trabalho missionário. “A grande verdade é que quem tem ficado conosco, quem tem enfrentado toda e qualquer situação é o missionário que trabalha com os povos indígenas. Porque ele não está ali por questão de dinheiro, por questão financeira. Está ali por amor a Deus e às pessoas, eles amam o povo indígena. Então, essa idéia de dizer agora que todo missionário não tem feito benefício ao povo indígena é uma inverdade”.

Terena critica a Funai e a Funasa como omissas e ausentes diante dos problemas dos índios. “A Funai dizer agora que os missionários têm que ter uma nova autorização não existe. E outra coisa, a Funasa, como órgão público terceirizado pela própria Funai para fazer esse trabalho, em muitos lugares não tem feito absolutamente nada.

E ainda é contra quem faz. Ela só aparece quando é aberta uma questão como essa. Eles não podem generalizar as coisas e não têm razão de condenar o trabalho dos missionários. O que dá a entender é que os missionários estão sendo expulsos e condenados por terem salvado vidas”.

Pressão contra missões

A pressão da Globo, da Igreja Católica Romana e de antropólogos fez com que a Funasa e a Funai se desdissessem. As duas instituições haviam dado autorização à missão. Depois, quando o caso foi divulgado, disseram inicialmente que a missão evangélica não tinha autorização para isso. A Jocum, então, afirmou e provou que recebeu documentos da Funasa e da Funai que a autoriza a sair da aldeia com os índios.

Diante da verdade, a Funasa disse que vai punir os responsáveis pela autorização, e a Funai alegou que o chefe do núcleo de apoio de Lábrea, que assinou a permissão para que os índios saíssem, “não tem prerrogativa para autorizar o transporte de índios para tratamento de saúde”.

E para confirmar o quão absurda é a situação, a Funai disse ainda que “qualquer documento que venha a ser apresentado pelos missionários não invalida o mérito das denúncias contra a Jocum”.

O Ministério Público também entrou na briga. O procurador da República no Amazonas, André Lasmar, foi procurado e logo se pronunciou dizendo que “desde 2000 vem investigando a ação dos missionários e que, em 2003, o Ministério Público Federal recomendou à Funai a retirada imediata dos integrantes da Jocum das terras dos Suruwahá, mas que a recomendação não foi cumprida”. Por quê? A Funai não tinha visto nada demais. Mas, agora, estranhamente, depois da pressão da Globo e de grupos católicos romanos, passou a ver. A Funai anunciou que vai expulsar os missionários e, junto com a Funasa, enviará à aldeia um grupo de indigenistas, antropólogos e médicos.

O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, declarou: “Vamos pedir, por portaria, que todas as missões religiosas venham à Funai e se recadastrem, apresentem seus programas de trabalho, para que a gente possa ter clareza sobre esse trabalho”. O objetivo é cercear o direito dos missionários. As missões católicas romanas, pelo contrário, permanecerão.

A líder da missão evangélica, Bráulia Ribeiro, em carta ao povo evangélico, analisa a situação. “Nenhuma sociedade tem o ‘direito’ cultural de praticar o infanticídio. Nenhuma sociedade tem o ‘direito’ cultural de aprisionar seus membros na obrigação religiosa do suicídio, nem do sacrifício humano. Nenhuma religião que inclua o genocídio como ítem essencial pode ser defendida a força de lei. Esta realização levou Naru Suruwahá, o pai da menina hermafrodita, a entender que havia esperança para sua filha deficiente, e a procurar ajuda dos brancos para salvá-la, apesar das regras de sua cultura.

Contrariando a si mesmo, contrariando o costume de seus pais, mas em harmonia com o querer de todo o seu povo, Naru saiu da aldeia com a ajuda de missionários não-índios para salvar sua filha”.

“A cultura Suruwahá como todas as culturas do mundo, é dinâmica, e tem o direito de se reinventar. O mesmo entendimento fez Muwaji uma viúva mãe de uma filha deficiente sair da aldeia na mesma época para buscar ajuda. Ela sabe que na cultura Suruwahá uma filha gerada por uma viúva teria pouca possibilidade de sobrevivência, ainda mais sendo portadora de paralisia cerebral. Muwaji pediu para sair e tratar sua filha na cidade dos ‘brancos’”.

“Uma comitiva veio a nós, missionários da Jocum, enviada por seu próprio povo. A cura das meninas ou a possibilidade de uma vida melhor, para duas bebês antes consideradas pseudo-pessoas, agora elevadas à categoria de seres humanos plenos pela cultura, com direito à vida, representa esperança de vida para todo um povo. Xagani Suruwahá, jovem companheiro de Naru, que veio como embaixador de seu povo para proteger o grupo nos momentos difíceis que todos sabiam que iriam passar, numa discussão com um investigador do Ministério Público, demonstra uma lucidez que faz falta a muitos: ‘Falamos diferente, nos vestimos diferente, moramos na selva, mas não somos bicho não. Não somos bicho de caça. Somos gente como vocês’. Chamamos a comunidade nacional e internacional a refletir e tomar as medidas necessárias para que os Direitos Humanos Universais sejam assegurados aos povos indígenas brasileiros”.

“Apesar da coragem de Naru, Xagani e Muwaji, os infanticídios, que são parte da rotina de vida do povo Suruwahá continuarão a ser praticados livremente. Crianças deficientes de qualquer idade podem ser mortas, bebês do sexo feminino têm menos direito de sobrevivência do que os de sexo masculino. Viúvas que geram são compelidas a matar seus filhos, já que a paternidade fora do casamento não pode ser reconhecida. A pressão para o suicídio ritual é sofrida por todos incessantemente. Um dia, de acordo com o próprio povo, todos se matarão e deixarão de existir na terra, para habitar o céu de sofrimento que é o céu mal-cheiroso dos que morreram envenenados. Não há outra alternativa”.

“Como etnólogos e lingüístas amamos e valorizamos as culturas com as quais trabalhamos. No entanto o entendimento que seres humanos tem valor individualmente, pelo que são em si mesmos, independentemente de sua etnicidade, cor, cultura ou religião, nos compele a protestar contra hábitos culturais e visões de mundo, que ameaçam a integridade a dignidade e a vida de seus membros”.

Fonte: APMT

domingo, 27 de junho de 2010

Contraste Social




De um lado da cerca esta uma criança em que sua camada social que lhes permite usufruir de um padrão de conforto e de alcance das sua realizações, criando um pensamento de superioridade onde acreditam serem melhores que a outra podendo subordiná-las.
Sendo que a constituição federal 227 apresenta os direitos da criança que abrangem e geram direito à educação, à saúde, à moradia e à alimentação, porém, não vemos acontecer desses direitos concretizando-se e chegando até as crianças indiginas. Em enumeras vezes é facil vê na realidade o comportamento superior entre os adultos.



sábado, 26 de junho de 2010

Hamyá





Algo marcante é a celebração, tudo é maravilhoso o canto, a dança.

Cultura Pataxó


Um povo que celebra o mundo com suas virtudes, estabelecidas pelo TEMPO, perdas,e dores. Alegremente receberão a Igreja do Evangelho Quadrangular com muito amor.
Chegamos não para mudar uma cultura, mais para estabelecer a este povo os ensinamentos de Cristo (Siratã)